No apagar das luzes: Limão com mel e Viviane Batidão no Festival Junino de Capanema

Por anos, Capanema foi um dos maiores polos culturais do nordeste paraense. Conhecida como a terra mais forrozeira da região, a cidade construiu uma identidade marcada pelo forró, pelas vaquejadas históricas, pela Feira da Cultura e por grandes festivais juninos que movimentavam a cidade e atraíam multidões. Um tempo em que Capanema era parada obrigatória das grandes bandas nacionais e orgulho para seus moradores.

Nos últimos anos, no entanto, essa tradição foi sendo lentamente esquecida. O que antes era referência estadual se tornou lembrança. Enquanto municípios vizinhos como Bragança, Tracuateua, Augusto Corrêa e Nova Timboteua investiram, profissionalizaram e expandiram seus festivais culturais, Capanema permaneceu à margem, com programações tímidas e sem brilho.

Agora, no apagar das luzes, o prefeito anuncia, finalmente, a realização do Festival Junino de Capanema. As atrações principais são a consagrada banda Limão com Mel e a “rainha do Pará”, Viviane Batidão — dois grandes nomes da música popular, capazes de atrair público e reacender o entusiasmo dos tempos antigos. O Anuncio veio há dois dias do mês junino. O Arraiá de Todos – Capanema 2025 está marcado para acontecer de 26 a 29 de junho, no Loteamento da Valle. 

É importante reconhecer o valor do anúncio. Um festival como esse tem potencial de movimentar a economia local, gerar empregos temporários, impulsionar o comércio, e dar visibilidade aos artistas e à cidade. Mas não se pode ignorar que a decisão chega “no apagar das luzes” (de novo), quase como um movimento forçado diante da pressão popular e do avanço das cidades vizinhas no cenário cultural.

Além disso, vale lembrar: ainda que o poder público insiste em uma agenda de última hora que denota falta de planejamento – A cultura de Capanema resiste por outras mãos. São os grupos culturais de bairro que, mesmo sem apoio, mantêm acesas as fogueiras juninas. São os grupos folclóricos que enfrentam a falta de incentivo para continuar se apresentando. E são também eventos privados, como o Nassau na Roça e o Arraiá du Sordado, que têm levado o nome de Capanema além de suas fronteiras, mantendo viva a chama do orgulho cultural.

Portanto, o Festival Junino anunciado agora é bem-vindo, mas não pode ser visto como um favor ou um aceno isolado. É apenas o começo do que precisa ser uma política cultural séria, estruturada e permanente. Capanema já brilhou muito — e ainda pode voltar a ser protagonista. Mas isso só será possível quando cultura deixar de ser usada como moeda política de última hora e passar a ser tratada como parte essencial da identidade e da economia local. E que venha o Festival Junino de Capanema! Alô, Poder Publico!? Bora tentar fazer algo melhorzinho que o carnaval, heim? 

Por PortalCapanema