Mais de 200 filhotes de tartarugas são soltas em Salinas
Um dos destinos turísticos mais procurados no litoral paraense, a Praia do Atalaia, em Salinópolis, na região Nordeste, foi o local escolhido para a soltura de 205 filhotes de tartarugas marinhas da espécie Lepidochelys olivacea (tartaruga-oliva). A liberação dos quelônios, nesta quarta-feira (12), atraiu dezenas de turistas e moradores do município, curiosos para presenciar os filhotes em direção ao Oceano Atlântico.
Há semanas, os animais estavam acomodados em um berçário às proximidades da Unidade de Conservação (UC) Monumento Natural do Atalaia, administrada pelo Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio), sob os cuidados da equipe do Projeto de Monitoramento de Desovas de Tartarugas Marinhas (PMDTM).
Agora, eles iniciam um novo ciclo de crescimento, reprodução e continuidade da espécie, que está ameaçada de extinção. Com mais essa soltura, a segunda realizada no local em 2023, já são mais de 300 filhotes de tartarugas integrados à vida marinha.
Para a estudante de Medicina Jéssica Bezerra, a soltura aberta ao público favorece a conscientização ambiental da população e dos turistas que visitam Salinópolis. “Há várias espécies de tartarugas marinhas que estão ameaçadas de extinção. Portanto, é legal um projeto desse, justamente para, além de fomentar, conscientizar a sociedade a manter as praias limpas, porque este é o habitat natural das tartarugas e outros animais”, disse.
Ana Beatriz Miranda, estudante de Psicologia, descreveu a experiência como única. Ela contou que foi a primeira vez que teve contato com tartarugas marinhas. “Achei incrível, porque a gente não consegue ter uma sensação assim pela TV. Quando presenciamos uma situação totalmente diferente, conseguimos ter um sentimento maior de empatia com esses animais, até porque acho importante mostrar para a população a importância de garantir a continuidade dessa espécie”, acrescentou.
Cuidado – A bióloga e coordenadora de campo do PMDTM, Josie Barbosa, pediu às pessoas que se conscientizem nesse período de verão amazônico (estiagem) quando vierem à Praia da Atalaia, para que redobrem os cuidados com o meio ambiente e, assim, contribuam para garantir a preservação das tartarugas marinhas e de outros animais.
“Queria pedir um cuidado com o lixo, para que as pessoas não joguem resíduos na beira da praia. Pedimos cuidado com os carros, porque elas sobem em qualquer área da praia, principalmente no período noturno. As pessoas precisam começar a entender que a gente cuida da tartaruga não porque ela é bonitinha, mas pelo papel fundamental que desempenha em nosso ecossistema”, afirmou a dirigente.
Estudos revelam que a maioria do oxigênio produzido para os seres humanos vem das algas oceânicas. Uma das espécies que mais visita a costa atlântica paraense, a Chelonia mydas (tartaruga-verde), na fase adulta se alimenta quase só de algas. Portanto, é um animal marinho que tem uma importância muito grande para o equilíbrio das algas, e que produz oxigênio para os seres humanos.
“Já passou da hora de nós termos a consciência de que precisamos mais delas (tartarugas), do que elas da gente. Se cada um tiver consciência, fizer um pouquinho da sua parte, como evitar jogar lixo nas praias e não circular de carro pela faixa de areia, a gente consegue trabalhar a conservação desses bichos tão inofensivos, que estão ameaçados de extinção”, complementou a pesquisadora.
Atualmente, a Mineral Engenharia e Meio Ambiente executa o PMDTM, que monitora áreas de desova de tartarugas no litoral paraense. O projeto é uma medida de mitigação exigida pelo licenciamento ambiental federal, conduzido pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Preservação – Desde fevereiro deste ano, o Ideflor-Bio e os órgãos de segurança pública bloqueiam 3 km da faixa de areia do Atalaia para proteção de cinco espécies de tartarugas marinhas: Caretta caretta (tartaruga-cabeçuda), Lepidochelys olivacea (tartaruga-oliva), Chelonia mydas (tartaruga-verde), Eretmochelys imbricata (tartaruga-de-pente) e Dermochelys coriacea (tartaruga-de-couro). O local é para desova e, posteriormente, eclosão dos ovos.
O diretor de Gestão e Monitoramento das Unidades de Conservação do Ideflor-Bio, Clésio Santana, ressaltou que esse trabalho se tornará permanente, pois tem gerado bons resultados. “No mundo, existem sete espécies de tartarugas marinhas, e o Brasil é visitado por cinco tipos. Hoje, nós pudemos conciliar o ser humano com a biodiversidade, além de mostrar a importância para o ser humano da preservação ambiental. Nada melhor do que o Ideflor-Bio estar presente para mostrar ao mundo que a sustentabilidade tem que andar de braços dados com a sociedade”, enfatizou.
O Monumento Natural do Atalaia, onde os ovos de tartarugas marinhas estavam armazenados, é uma UC de Proteção Integral do Ideflor-Bio, criada em 2018 para preservar os ecossistemas de manguezais, restingas e dunas do Atalaia.
É um dos últimos locais preservados nessa área, que abriga diversas espécies de animais, entre mamíferos e aves residentes e migratórias, com atenção especial aos períodos de reprodução das tartarugas marinhas que sobem à Praia do Atalaia, no período noturno, para depositar seus ovos.
Fonte: O Liberal
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