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Existe uma idade mais indicada para se tornar mãe?

É possível gestar em diferentes fases da vida, mas viver a maternidade requer mais do que apenas o desejo de ser mãe
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Uma caixinha de possibilidades. A vida adulta permite uma imensidão de escolhas. A pressão social para uma maternidade compulsória existe, mas caminhamos para um maior entendimento de que podemos – e devemos! – ter poder de decisão sobre o nosso futuro, independente dos julgamentos alheios. Importante então que, cada mulher possa priorizar a ordem do que deseja para si, e em cada etapa da vida, tenha suas vontades respeitadas individualmente.

E mesmo entre aquelas que desejam a maternidade, nem sempre a vontade de ter um beb᪠é prioritá¡ria. Complexa como é, á s vezes parece que ser mãe não se encaixaria com os objetivos atuais e muitas mulheres adiam este desejo até o momento perfeito para gestar. Emocionalmente e diante de todas as ferramentas que temos para postergar, é positivo planejar a gestação, claro. No entanto, será¡ que existe mesmo o tal momento certo para tornar-se mãe?

O que diz a biologia

Como o corpo não acompanha as nossas ambições pessoais, para a biologia há¡ de fato um perá­odo mais adequado para que a mulher possa gestar naturalmente, ou pelo menos pensar em fazer o seu planejamento reprodutivo: até os 35 anos. De forma resumida, esta orientação é pautada na qualidade da reserva ovariana – ou seja, a quantidade de gametas que temos disponá­veis.

Fernanda Valente, ginecologista especializada em reprodução assistida, esclarece que as mulheres nascem com um número limitado de óvulos (que são as células reprodutivas, os gametas). Além de não produzirem óvulos novos ao longo da vida, os existentes passam por um processo contá­nuo de envelhecimento – assim como todo o nosso corpo. Logo, essa reserva diminui com o passar do tempo, em quantidade e qualidade.

“Ao nascimento, carregamos cerca de dois milháµes de gametas. No primeiro pico do hormá´nio luteinizante – ou seja, quando a mulher atinge a puberdade – o número da reserva cairá¡ para 300 mil. Espera-se ainda que ela ovule até 500 mil óvulos durante toda a vida até chegar á  menopausa, onde são raros os oócitos (gametas)”, exemplifica Ana Gabriela Pontes, ginecologista responsá¡vel pelo setor de Ginecologia Endócrina e Reprodução Humana e coordenadora do Centro de Reprodução Humana do Hospital das Clá­nicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB).

Neste contexto, a reserva ovariana da mulher tende a sofrer uma queda exponencial após os 35 anos. Quanto mais idade, menor a quantidade e a qualidade dos óvulos. Por isso, é recomendado que ela engravide ou pelo menos faça o aconselhamento reprodutivo até este perá­odo 

Já¡ a idade “ideal” – ou melhor dizendo, mais fértil – para que a gravidez ocorra naturalmente estaria na faixa dos 20 anos. Nesse perá­odo, a fertilidade feminina está¡ no auge e a chance de gestação é em torno de 25% ao máªs. “Parece pouco, mas para nossa espécie, é uma ótima taxa mensal”, acrescenta Fernanda.

Dos 30 aos 35 anos, a taxa vai para em torno de 20%, caindo para 15% depois dos 35 anos. Já¡ a partir dos 40 anos, a chance de gestação natural é em torno de 1% a 10% por máªs. “በpossá­vel sim conceber nessa fase, inclusive naturalmente, porém aumentam os riscos de complicações”

በclaro que a mulher pode engravidar depois dos 35 anos, mas a chance de ter alguma dificuldade é maior”, relata Fernanda. Entre os 20 e 25 anos, ocorre o auge da capacidade reprodutiva feminina – com a plena saúde fá­sica. Assim, espera-se melhores desfechos obstétricos e neonatais pensando na gestação, parto e no puerpério, acrescenta Ana Gabriela. Por isto mesmo que para as mulheres acima dos 40 anos de idade, é previsto maiores riscos de diabetes gestacional, hipertensão na gravidez e cromossomopatias (alteração genéticas no bebáª).

Pensando ainda apenas na saúde materna, a recomendação é para que a mulher tente gestar até os 50 anos de idade. Entretanto, Fernanda acrescenta que se for comprovado o bom estado de saúde do útero e condições favorá¡veis para manter uma gestação com riscos controlados, a gravidez pode sim ocorrer acima dessa idade. “Se ela estiver em uma fase pós menopausa – onde não menstrua mais -, é feito um preparo do útero com medicamentos hormonais para que ele fique apto para receber um embrião”, completa.

Em suma, nem todas as mulheres que optaram por adiar a gestação terão problemas para engravidar após os 35 anos. Caso tenham dificuldade para gestar naturalmente, elas podem recorrer á s técnicas de reprodução assistida. No caso das mulheres acima dos 40 anos, elas estão mais propensas a precisarem de uma intervenção deste tipo, como a fertilização in vitro com óvulos próprios ou óvulos doados.

“Na fertilização in vitro, os óvulos da paciente são coletados e fertilizados em laboratório com os espermatozoides do parceiro ou de doador. Os embriáµes formados ficam em cultivo no laboratório e depois são transferidos para o útero da paciente”, explica Fernanda.

Posso adiar a gestação sem prejudicar a fertilidade?

Com certeza! No mundo ideal, o esperado é que as mulheres pudessem planejar quando e como gostariam de gestar – inclusive, terem o poder de escolha para interromper ou não uma gestação. Ainda não chegamos lá¡, mas já¡ se pode debater sobre a importá¢ncia do aconselhamento reprodutivo.

“Uma das principais funções do fertileuta (ginecologista especialista em reprodução humana) é o de aconselhamento e avaliação do casal ou da mulher que deseja conceber”, explica Ana Gabriela.

Se até os 30 anos a mulher ainda não pensa em engravidar, esse seria o momento ideal para fazer uma avaliação da fertilidade com o médico especialista e pesquisar se ela porta fatores de risco para uma diminuição precoce da reserva ovariana.

Quem está¡ na faixa dos 20 anos e pretende engravidar, deve preparar seu organismo mantendo um estilo de vida saudá¡vel e manter em dia os exames gerais e ginecológicos. Caso a gestação não aconteça no perá­odo de 1 ano, é importante iniciar uma investigação de infertilidade com um especialista.

Essa é também a melhor época para fazer uso de procedimentos de preservação da fertilidade disponá­veis no mercado, tal como o congelamento de óvulos: até os 30 anos, provavelmente ainda se conseguirá¡ uma boa quantidade de gametas e com boa qualidade.

 

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