Covid-19: o que torna a variante brasileira tão perigosa?
Cepa P.1 se espalha de forma veloz em vá¡rios paáses. Perigo reside sobretudo no fato de ela ser mais contagiosa – e possivelmente mais resistente a vacinas. Nos últimos dias se confirmou o que os virologistas vinham alertando desde janeiro: a variante P.1 do coronavárus, identificada pela primeira vez em Manaus, se impá´s e agora se espalha numa velocidade assombrosa.
Se no inácio do ano havia menos de mil mortes por dia no Brasil, desde o fim de março os números aumentam de forma dramá¡tica. Atualmente, são mais de 3 mil mortes todos os dias. Cerca de 90% das novas infecções são atribuádas á P.1.
Os médicos também partem do pressuposto de que há¡ um grande número de casos não notificados, já¡ que provavelmente muitos doentes e pacientes recuperados nunca entraram para as estatásticas. Outros paáses onde a variante se espalha são México, Suécia, Bélgica e Colá´mbia.
O que se sabe sobre a variante P.1?
Os médicos detectaram a variante pela primeira vez em 10 de janeiro em Manaus. Ela possui 17 mutações, tráªs das quais estão na proteána spike. São provavelmente estas últimas que fazem com que o várus possa penetrar mais facilmente nas células para então se multiplicar. Particularmente problemá¡tica é a mutação E484K: acredita-se que ela seja responsá¡vel por permitir que pessoas que se recuperaram de uma infecção contraiam o várus novamente.
Inicialmente, a P.1 se espalhou sobretudo no Amazonas. Isso chamou atenção, pois grande parte da população já¡ tinha tido covid-19, e os médicos acreditavam numa possável imunidade natural de rebanho. Tal esperança foi destruáda pela P.1. As mutações da variante brasileira são semelhantes á s da variante sul-africana (B.1.351), mas se desenvolveram de forma independente.
A infecção com P.1 é mais grave que com outras variantes?
Pelo observado em outros paáses onde a P.1 foi detectada, o quadro da doença não é mais severo do que nas infeções com a cepa original.
Embora ainda faltem dados conclusivos sobre o assunto, uma coisa é certa: a variante P.1 é muito mais contagiosa. No Brasil, isso resultou na sobrecarga do sistema de saúde e, consequentemente, no alto número de mortos. A maioria dos pacientes não consegue chegar á s unidades de terapia intensiva, e os suprimentos de oxigáªnio são escassos.
O fato de que quase não existem números confiá¡veis sobre novas infecções em tais circunstá¢ncias torna atualmente quase impossável fazer uma declaração estatisticamente confiá¡vel sobre o perigo da variante P.1.
Quão eficazes são as vacinas disponáveis?
Um estudo feito com mais de 67 mil profissionais de saúde de Manaus concluiu que a Coronavac, vacina contra a covid-19 produzida pela empresa chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, é 50% efetiva na prevenção de infecções sintomá¡ticas causadas pela variante P.1 do coronavárus, duas semanas após a aplicação da primeira dose.
Ainda não se sabe se e quão bem funcionam as outras vacinas atualmente disponáveis contra a variante P.1. Sabe-se apenas que os princápios ativos das vacinas da AstraZeneca-Oxford e da Pfizer-Biontech, por exemplo, formam anticorpos neutralizantes contra a variante em laboratório. Mas um estudo preliminar mostra que eles não são tão eficazes quanto contra o tipo selvagem.
Sabe-se também que a vacina da AstraZeneca não é tão eficaz contra a variante sul-africana, que apresenta mutações semelhantes na proteána spike.
No entanto, ainda faz sentido seguir a estratégia de vacinação, porque mesmo se alguém estiver infectado com uma variante do várus, o curso da doença após a vacinação provavelmente será¡ mais brando. Com isso, as pessoas vacinadas terão que se submeter a cuidados intensivos com menos frequáªncia, e menos pacientes irão morrer.
Fonte: Terra
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